VOCÊ PROVAVELMENTE NUNCA OUVIU: Jute Gyte
Diguiri-pa Cenobitas! Você já ouviu falar de Jute Gyte? Eu garanto que não, se eu errei comenta aí, seu esquisito. Vou te apresentar um daqueles artistas inclassificáveis difíceis de definir o som e que só quem é doido de pedra que nem eu, vai ter coragem de escutar. Se você gosta de Música Experimental, Black Metal, Industrial e Noise, venha conferir esse músico incomum e no final das contas, interessante.
- Para quem gosta de:
Dispasiquir, Deathspell Omega, Gorguts, Voivod, Ved Buens Ende, Eintürzende Neubaten, Throbbing Gristle, Merzbow, Prurient, Dødheimsgard, Nurse With Wound, Blut Aus Nord, The Body, Controlled Bleeding, Murmürre, La Torture des Ténèbres, Naked City, Boris, Imperial Triumphant, Igorrr, Candy Cane, Liturgy, The Residents, Captain Beefheart, Sonic Youth, Glenn Branca, Lydia Lunch…
SOBRE
Criado em 2002, Jute Gyte é um projeto de Música Experimental e Black Metal do americano Adam Kalmbach. Adam Kalmbach possui graduação em música, mas de primeiro momento não parece, Adam faz um som extremamente cacofônico, caótico, dissonante, desorganizado, maximalista (no sentido do inverso de Minimalismo), torto e feio criando cenários abstratos, surreais, assustadores, transcendentais, agoniantes e ensurdecedores.
É difícil resumir seu som, ainda mais que o próprio sempre faz coisas diferentes em cada álbum e fases de trilogia (só olhar a diagramação e design das capas e você vai saber qual álbum faz parte de cada trilogia),
isso sem contar seus discos que fogem do Metal nos estilos de Ambiente e IDM. Mas as características principais seriam: Notas microtonais; Composições técnicas com riffs repetitivos de Black Metal; Uma massa sonora tão suja e colada com vários sons que escutar suas músicas acabam sendo o mesmo exercício de ouvir Noise; A produção digital, em entrevistas Kalmbach disse que só faz música pelo computador e não tem a preocupação de ser engenheiro de equipamentos. Junto disso ele trabalha seu som com colagens e alterações no material bruto inspirado na Música Industrial, em suas palavras ele não é um bom músico que treina constantemente, ele só toca o riff necessário e depois desaprende. Mas trabalha mesmo como um compositor que faz o impossível no computador, montando suas explosões de todos os sons possíveis jogados em você e lhe machucando. O paralelo que eu penso seria do projeto Dadaísta/Surreal Nurse With Wound mas menos silencioso, bem menos.
Se você conseguir focar bem, vai encontrar as vezes grooves metalicos e se analisando mais, tentando emular na guitarra, perceberá que ele toca riffs complexos e que não tá fazendo APENAS aleatorismo.
No fim é um artista de Avant-garde Black Metal puro. Mas mais Avant-garde, mesmo tocando com guitarras e fazendo barulhos ásperos de Black Metal. É tão experimental que você consegue colocá-lo em listas de Música Experimental em geral por destruir muito as normas de Heavy Metal Extremo, vanguardistas como Dødheimsgard parecem bandas de Metal puro comparado à Jute Gyte. Então se você gosta de Noise e Música Avant-garde confira este outsider ultra autoral. Para fãs de Black Metal desejo boa sorte, a menos se você gostar de Diapsiquir.
INDICAÇÕES:
Os discos que até então ouvi e recomendo:
Perdurance, que é o augue de sua capacidade maximalista. Noise visualmente é como olhar um enxame de abelhas, Perdurance é como ver uma colônia imensa de formigas trabalhando objetivamente, que ao todo é uma confusão.
Jute Gyte — Perdurance (2016)
G: Avant-garde Black Metal, Avant-garde Music
Só na introdução você sabe o que irá se deparar nessa avalanche de 1 hora. Destaque para o groove esquisitão dentro dos sons de IDM que me deixa com um sorriso maligno:
(3) At the Limit of Fertile Land — YouTube
E Young Eagle para fãs de Black Metal e Música Industrial, o som é tão sujo e cru, que eu classificaria como Noise Metal (assim que validarem esse gênero haha), e a estética Industrial é feia e sombria nas regras do Throbbing Gristle e artistas de Power Electronics. Além também dos discos Old Ways, Verstiegenheit, que estão nessa trilogia mais voltada a Black Metal Tradicional.
Jute Gyte — Young Eagle (2010)
G: Avant-garde Black Metal, “Noise Metal”
Essa faixa é mais diferente do disco todo, por ser a mais acessível, mas é um riff foda de chutar bundas:
(3) Jute Gyte — Young Eagle — YouTube
Paracletus do Deathspell Omega irá soar organizado em comparação, pois é uma banda de Black Metal experimentando no seu som. Aqui é o inverso, é um cara vindo duma escola Avant-garde fazendo uma pluralidade desgraçada de ruídos através de características do Black Metal.
É um daqueles artistas tão Underground que você acha poucas informações ao seu redor (ele não usa redes sociais) e de pessoas comentando sobre, por também obviamente ser um projeto nada acessível. Mas confere o Bandcamp do Jute Gyte que em cada lançamento ele deixa um texto falando de inspirações ou como foi a forma diferente de trabalhar naquele disco. E se tiver interesse faz que nem eu e leia as entrevistas, são poucas, mas qualquer informação sobre esse músico misterioso vale ouro, igual o Aphex Twin.
Espero que você tenha gostado do meu texto e tenha tido alguma vontade de ouvir esse artista que abordei. Se possível compartilhe esse texto, outros conteúdos e o próprio Debaixo do Chão para outras pessoas ajudarem no crescimento da página e conhecer e se interessar por mais música. O Instagram é @debaixodochao por lá eu dou atualizações de tudo e tem outros links na bio como o Youtube e o Podcast no Spotify/Google Podcasts. Por mais é isso, falou e… DIGUIRI-PA!!!
